quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Encontros e Desencontros.

Num parque não muito distante da escola que Maria frequentava, existiam dois baloiços verdes. A tinta já estava gasta de tanto uso. As crianças adoravam aquele parque, talvez por ser um dos únicos naquela vila. Mas nem só as crianças apreciavam aquele baloiço, dois jovens também, Maria e Duarte.
Maria sempre se refugiava no baloiço da direita quando tinha problemas em casa ou quando precisava de colocar os pensamentos no lugar. Já Duarte, ia pelo menos uma vez por semana para fugir da pressão da família e daquele mundo falso em que viviam. Embora, os dois jovens da mesma idade, frequentassem o mesmo lugar não se conheciam, nem nunca se tinham visto. Viviam um misto de encontros e desencontros. Iam ao mesmo lugar, sentavam-se no mesmo baloiço, talvez pensassem nas mesmas coisas mas nunca se tinham encontrado. Aquele baloiço sabia todas as suas preocupações e desejos. Naquele baloiço, Maria vinda de uma família humilde que a obrigava a perseguir a carreira de Medicina mesmo ela querendo seguir Arte, não era mais que Duarte, filho de um milionário que tinha aulas de piano e de violino desde a infância, que frequentava o melhor colégio do País e cuja educação estava vocacionada para o tornar um homem de negócios, embora ele quisesse ser músico. Ali, naquele lugar, eram iguais. Ali, naquele lugar podiam dar asas aos seus sonhos e esquecer tudo o resto.
Um dia, Maria desenhava no seu bloco gasto e quase completo, crianças brincando na caixa da areia. Os seus sorrisos eram tão genuínos e puros, que nem mesmo o melhor artista do mundo, conseguiria captar a sua essência. Mas o desenho tão perfeito que a jovem esboçou começou a ser atacado sem piedade por gotas salgadas vindas dos seus olhos. As lágrimas caíam constantemente, como se tivessem ânsia de se libertarem daquela clausura imposta por Maria. Lágrimas que indicavam saudades da infância, onde todas poderiam ter sonhos e não lhes era imposto nada. Onde a vida não era tão cruel. Maria permitiu aquela fuga das lágrimas, pousou o seu caderno e repousou naquele baloiço até todas as lágrimas terem escapado. Depois disso, limpou as suas lágrimas e foi para casa. Mas nem tudo foi para casa com ela, o seu caderno ficou. Como um soldado deixado para trás depois de uma emboscada. Mas esse soldado foi salvo por Duarte. Depois de ofegante por ter fugido do colégio, Duarte finalmente chegou ao seu refúgio, ao seu melhor amigo que não falava mas embalava. Sentou-se e algo lhe caiu no pé. Olhou para baixo e viu aquele caderno, aquelo diário ilustrado de sonhos, de angústias e visões. Abriu e viu todas as ilustrações maravilhado, como uma criança na noite de Natal. Quando terminou, voltou à primeira página e viu dois nomes. Um nome pessoal e outro de uma escola. Levantou-se e foi para casa. Aconchegou aquele caderno desconhecido entre os outros, como que a dar-lhe companhia e calor. Talvez um novo desenho começasse a ser desenhado. Talvez naquele momento tenha sido o fim de desencontros e composta uma música de Encontros.

Nuna*

3 pessoas escreveram assim:

Gerson Viana disse...

E eu a pensar que os meninos se iam encontrar xD

Nuna disse...

Talvez, se achar que deve haver continuaçao :D

Sílvia* disse...

E depois fazes + um livro xD