Será que me perdeste?

Corro o mais rápido que posso. Corro contra o tempo, contra o momento que vivo.Tenho que chegar á estação de comboio. Preciso de te impedir de ir, de fugir e de me deixares. Ofegante chego á estação, olho para o grande visor preto e vejo que partes dentro de 5 minutos e estás na linha 5. Enquanto corro, culpo-me por te estar prestes a perder, por ter dito o que não devia. Nunca deveria ter dito que não sofreria se me deixasses, que já não me eras nada. Vejo o teu comboio ao longe e desço as escadas. No fundo das escadas, ouvi o assobio do comboio indicando que vai partir. Com as minhas últimas forças corro e observo todos os compartimentos para ver se te vejo. Pelo menos, necessito de ver-te uma última vez. Mas não me concedeste esse desejo, pois não te vi. Ofegante e totalmente estoirada desisto e fico a ver o comboio castanho e amarelo partir. Se o sentimento de culpa já era difícil de suportar quando corria, agora é enorme e pesa-me como se o meu coração carregasse um saco de areia. O comboio se foi e a minha esperança partiu como um cristal que cai ao chão. Sentei-me no banco de ferro cinzento da estação, sem forças e alento para me ir embora. Não pude inpedir as lágrimas de rolarem pela minha face até ao chão preto. Entre lágrimas e soluços disse: "Porquê que disse tudo aquilo? Eu amo-te e perdi-te pela minha tremenda estupidez!". Atrás de mim, ouvi uma mala a bater no chão. E uma voz familiar perguntou:"Tens a certeza de que me perdeste? "

Nuna*